sábado, 29 de janeiro de 2011

História do Teatro Garcia de Resende

História do Teatro Garcia de Resende
O Teatro Garcia de Resende foi construído na cidade de Évora no século XIX entre 1881 e 1890, tendo dois momentos distintos (1881-1883 e 1888-1890), o primeiro momento meado entre Abril de 1881 e Maio de 1883, à semelhança de muitos outros teatros construídos no século XIX, o teatro Garcia de Resende resultou de uma iniciativa das elites locais que promoveram a constituição de uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, designada Companhia Eborense Fundadora do teatro Garcia de Resende , para construir (em Évora) um teatro e explorar depois o mesmo teatro por administração própria ou alheia regulada por contrato, como melhor convier aos interesses da companhia respeita aos tempos de maior actividade da Companhia Eborense, que , com duas subscrições de acções e um empréstimo, consegue dispor de um projecto, adquirir os terrenos e levantar o edifício..As vicissitudes que envolveram a construção do edifício e a solução singular encontrada para a sua conclusão, acabando no mecenato de outro grande proprietário agrícola, Francisco Barahona ,que, num segundo momento delimitado entre Setembro de 1888 e Dezembro de 1890, financiado por este corresponde à conclusão do teatro. Praticamente todo o interior do edifício, desde os acabamentos mais elementares até às decorações mais elaboradas, pertence a esta fase da obra. Desconhece-se, no entanto, se o resultado final provém da direcção Barahona, ou se, pelo contrário, já estava previsto no projecto inicial. A dimensão do projecto riscado pelo engenheiro Adriano Monteiro não se conciliava com tão austeros acabamentos, como os que vêm descritos naquela nota, razão porque pensamos tratar-se apenas de uma solução de recurso face à incapacidade da companhia para concluir o edifício. Os accionistas ao reconhecerem que a sociedade não tinha condições para proseguir a obram, que aceitaram a proposta de Francisco Barahona, que concluiria o teatro e com a consequente doação do edifício à Câmara Municipal de Évora para que assim se assegurasse o seu funcionamento.
Quer estivesse ou não previsto no projecto inicial, a equipa contratada para proceder aos acabamentos, decorar e equipar o teatro tinha um edifício em toscos, de construção sólida e de dimensões pouco usuais, em particular numa cidade de província, sobre o qual aplicou um programa, eventualmente influenciado pelo gosto requintado de Barahona, mas sem introduzir alterações de fundo sobre a estrutura do edifício ou sobre a organização dos seus espaços fundamentais.
Estes trabalhos têm uma natureza celebrativa, mais ou menos explicita, e assentam substancialmente na demonstração da grandiosidade arquitectónica e artística da obra e do protagonismo que na sua prossecução tiveram três figuras socialmente prestigiadas de Évora: o lavrador mais abastado da província do Alentejo, José Ramalho Dinis Perdigão, a sua mulher Inácia Fernandes, e o não menos reputado proprietário e empresário agrícola, com formação em direito, Francisco Eduardo Barahona Fragoso, que passa a residir em Évora após se consorciar, em 1887, com a viúva de Ramalho Perdigão. Constituem, portanto, tributos àqueles que são tidos como beneméritos da cidade, não só pelo empreendimento do teatro, mas também pela acção cultural, cívica e assistencial desenvolvida no seio da sociedade eborense da segunda metade do século XIX. Sob a preferência desvelada ao modelo arquitectónico italiano, cuja concretização de referencia se encontrava então nos teatros públicos de São Carlos e de D. Maria II. Este teatro eborense integra, assim, o conjunto de edifícios especificamente concebidos para as artes da representação que, ao longo do século XIX e até às primeiras décadas da centúria seguinte, se construíram pelo país sob a influencia daquele modelo arquitectónico, seja através de interpretações mais fidedignas ou menos qualificadas, seja contemplando já a aplicação de soluções evoluídas e experimentadas, nomeadamente nos teatros franceses de Oitocentos.

Sem comentários:

Enviar um comentário