domingo, 14 de novembro de 2010

História do Teatro Garcia de Resende

O Teatro Garcia de Resende foi inaugurado em 1 de Junho de 1892, no termo de um longo processo iniciado em 11 de Abril de 1881 (data do início das obras), liderado na fase inicial pelo proprietário José Maria Ramalho Dinis Perdigão.
É um dos mais representativos "teatros à italiana" existentes em Portugal (outros: Teatro de S. Carlos, Coliseu de Lisboa, e com capacidade para figurar num dos primeiros lugares de uma listagem a nível europeu, ao lado, por exemplo, do Scala de Milão.
A morte de Dinis Perdigão interrompe as obras, que se reiniciaram por breve período em 1886, até que em 1888, o Dr. Francisco Eduardo Barahona Fragoso, entretanto casado com a viúva do primeiro, se dispõe a investir na conclusão do projecto, cuja direcção esteve entregue ao engenheiro eborense Adriano de A. S. Monteiro.

FACHADA
A fachada original, em mármore rosa, ornamentada com rosáceas de estuque e ferrarias rendilhadas já não existe; foi adulterada em 1969 por uma verdadeira "obra de fachada" que substituiu o mármore e a estucaria por granito, sacrificando igualmente a unidade formal do estilo do teatro (exemplo: as janelas da fachada, cuja forma foi alterada).

HALL DE ENTRADA
Em painéis a óleo sobre tela, são representadas as figuras clássicas da Música, Dança, Comédia e Literatura, pintadas por João Vaz. São mencionados também os nomes dos artistas que colaboraram na decoração do Teatro: Luigi Manini, cenógrafo do Teatro S. Carlos e autor do cenário para dotação do Garcia de Resende; António Ramalho, João Vaz e João Eloy do Amaral (elementos do Grupo do Leão); o entalhador Leandro Braga; o estucador Domingos Meira e outros.
No Hall figura ainda um medalhão, posteriormente mandado instalar pela Câmara Municipal de Évora, com a efígie do casal Barahona, que doou o edifício à Câmara em 14 de Agosto de 1890.
Do lado esquerdo do Hall, o bar, cujo tecto é decorado com motivos alusivos à sua função, enquanto na parede se recorreu à flor de liz, um motivo repetido na decoração de outros espaços, nomeadamente na sala grande.
À direita, a porta de acesso ao "bengaleiro" (hoje recepção), e junto à porta lateral, o guichet do camaroteiro e as escadas de acesso à terceira ordem de camarotes e à galeria, a assinalar a diferenciação social subjacente à concepção do teatro à italiana.

SALA PRINCIPAL
Arquitectura e decoração em barroco italiano. Apresenta algumas respostas eficazes a problemas que a tradição de cena não tinha conseguido até então resolver.
O eixo da sala, em forma de ferradura, orienta-se perpendicularmente ao palco, submetido ao "olhar do príncipe". Tal como no Coliseu de Lisboa e no S. Carlos, o lugar mais importante situa-se em frente ao palco, por sobre os arcos de ferradura de inspiração árabe. A partir daí, a sala organizava-se em escala hierárquica: as frisas e camarotes de 1ª e 2ª ordem (para a classe rica), a na plateia a classe média, e nos "galinheiros" a classe mais pobre. Estes últimos não entravam para o Teatro pela porta principal, mas sim por duas portas laterais ainda hoje existentes, e que são portas de serviço.
O teatro à italiana é também um espaço organizado para ver e ser visto: as frisas são pequenas salas onde "se recebe". Eça de Queirós descreveu-o de forma perfeita no seu livro "Os Maias".

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